16- OS
PRIMEIROS NAMORICOS
Já tínhamos nossas namoradas na escola, ou pelo menos
pensávamos que tínhamos: a minha se chamava E..., e como eu era o mais corajoso
de todos, até já a havia beijado. Usei o que eu aprendera com M, aquela menina
mais velha, que insistiu em me ensinar e o fiz de maneira que os meus colegas
que também tinham suas namoradas pudessem ver. Queria causar inveja! Foi tudo
muito rápido, no cantinho do pátio, no finalzinho do recreio. Peguei-lhe a mão,
meio forçado, reconheço, chamei-a num cantinho do muro para falar comigo e
tasquei-lhe um beijo, de língua, como eu aprendera com minha vizinha mais
velha. Ela tentou se livrar de mim com um safanão, mas eu era mais forte e a
mantive ali, no beijo, por alguns segundos convincentes. Ao contrário do que
pensei, depois ela saiu calminha como se tivesse gostado. Apenas arregalou bem
os olhos e ficou vermelha.
Fiz aquilo mais por necessidade de afirmação, porque,
na verdade, eu não gostava de E... para ser minha namorada. Eu estava, naquela
época, envolvidíssimo com a perspectiva de Maria Goretti permitir que Chiara
voltasse a falar comigo. Fora isso, quem eu namoraria de fato, sem pestanejar,
se ela aceitasse, seria Teresa Cristina Saad, uma menina que morou em minha
cidade por um tempo, estudou também no nosso Grupo, despertou o olhar dos
meninos e de quem, depois, nunca mais tivemos notícias.
Beijar E... serviu para fazer o grupo me respeitar. Eu
passava com aquele ato a ser uma referência de comportamento para os outros
meninos, praticamente desafiava-os a fazer o mesmo com suas namoradas, se
tivessem coragem. Não soube de nenhum que o tenha conseguido naquela época. E...
gostou, porque depois daquilo, sempre escondidos, trocamos vários beijos. Ao
final de cada sessão ela sempre saía com seus grandes olhos abertos e rubor nas
faces, como da primeira vez. O ruim de tudo é que um dia eu perdi o interesse e
terminamos o namoro. Chamei-a no pátio e disse pra ela que não a queria mais
como namorada. Ela, a partir daí, ficou de mal comigo.
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