segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

16- Os primeiros namoricos



16- OS PRIMEIROS NAMORICOS





Já tínhamos nossas namoradas na escola, ou pelo menos pensávamos que tínhamos: a minha se chamava E..., e como eu era o mais corajoso de todos, até já a havia beijado. Usei o que eu aprendera com M, aquela menina mais velha, que insistiu em me ensinar e o fiz de maneira que os meus colegas que também tinham suas namoradas pudessem ver. Queria causar inveja! Foi tudo muito rápido, no cantinho do pátio, no finalzinho do recreio. Peguei-lhe a mão, meio forçado, reconheço, chamei-a num cantinho do muro para falar comigo e tasquei-lhe um beijo, de língua, como eu aprendera com minha vizinha mais velha. Ela tentou se livrar de mim com um safanão, mas eu era mais forte e a mantive ali, no beijo, por alguns segundos convincentes. Ao contrário do que pensei, depois ela saiu calminha como se tivesse gostado. Apenas arregalou bem os olhos e ficou vermelha.
Fiz aquilo mais por necessidade de afirmação, porque, na verdade, eu não gostava de E... para ser minha namorada. Eu estava, naquela época, envolvidíssimo com a perspectiva de Maria Goretti permitir que Chiara voltasse a falar comigo. Fora isso, quem eu namoraria de fato, sem pestanejar, se ela aceitasse, seria Teresa Cristina Saad, uma menina que morou em minha cidade por um tempo, estudou também no nosso Grupo, despertou o olhar dos meninos e de quem, depois, nunca mais tivemos notícias.
Beijar E... serviu para fazer o grupo me respeitar. Eu passava com aquele ato a ser uma referência de comportamento para os outros meninos, praticamente desafiava-os a fazer o mesmo com suas namoradas, se tivessem coragem. Não soube de nenhum que o tenha conseguido naquela época. E... gostou, porque depois daquilo, sempre escondidos, trocamos vários beijos. Ao final de cada sessão ela sempre saía com seus grandes olhos abertos e rubor nas faces, como da primeira vez. O ruim de tudo é que um dia eu perdi o interesse e terminamos o namoro. Chamei-a no pátio e disse pra ela que não a queria mais como namorada. Ela, a partir daí, ficou de mal comigo.


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