sábado, 2 de março de 2013

51- 1974:ano de encerrar a faculdade



51- 1974: ANO DE ENCERRAR A FACULDADE



Formei-me naquele ano de 1974. Não houve festa, porque, “modernos”, nós nos recusamos a comemorar, para tristeza de nossos pais. Completei o curso, e festejamos (intimamente) com cafezinho e brigadeiro, na sala de Beatriz Coelho, a diretora. Dureza ia ser, a partir dali, partir para minha definição profissional. Mesmo que Chiara um dia houvesse me dito que meu futuro profissional estava garantido, eu tive a inquietação natural de quem tem um diploma na mão e um futuro amedrontador pela frente. Meu medo era de que aquilo tudo não desse certo. Se eu tivesse estudado Engenharia, por exemplo, teria o futuro garantido. Essa é só uma suposição: todos já sabem de minha aversão às ciências exatas.
       
        Naquele ano e no seguinte, devo ter me apaixonado umas cinco vezes: paixões platônicas, que eu não tive coragem de declarar. Por causa disso, daquela timidez que me contaminou, tive pouquíssimas namoradas naquele tempo.    
        Em 1975 as coisas estabilizaram-se um pouco, quando trabalhei com Yara Tupinambá no painel da Câmara de Vereadores. Aquele dinheiro garantiu-me a sobrevivência por um bom tempo. Depois, quase no fim do ano, Sandra dividiu comigo as ilustrações de uma nova série da Editora Lê: quatro volumes de Comunicação e Expressão, para o primeiro grau. Respirei melhor ainda. Pude pagar umas dívidas e reorganizar a minha vida. Depois, outras ilustrações me ajudaram a organizar meus rumos.
        Pude então tocar a vida com menos culpa. Naquele ano visitei pela segunda vez a Bienal de São Paulo. “Overdose de cultura”, dizíamos, eu, Sandra e outros amigos. Pela primeira vez, fui ao Masp. Chorei na frente das “Meninas” (Rosa e Azul) de Renoir.

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